Moradores da Vila Clara, na Zona Sul de São Paulo, estenderam faixas com críticas à Polícia Militar e ao governo do estado na ponte de onde um entregador foi arremessado por um policial. A cena flagrada em vídeo gerou forte repercussão e acabou na prisão do PM.
Em uma das faixas está escrito: “O governo de São Paulo e a polícia militar são os piores inimigos do povo pobre”. E, na outra: “O governador Tarcísio e sua polícia são assassinos em potencial, quando não assassinam pessoas, assassinam os sonhos delas”.
Quando foi jogado da ponte no domingo (1º), o homem já estava contido e não demonstrava resistência. Pouco antes, os policiais tinham feito a dispersão de um baile funk na região.
A vítima, que se chama Marcelo e tem 25 anos, caiu de cabeça de uma altura de três metros. Ele teve ferimentos, mas foi socorrido por moradores da região e a bem.
Após este e outros casos recentes de violência policial em São Paulo virem à tona após a divulgação de gravações, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mudou de posição e ou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa.”
Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. “O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo-conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”
A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM não compactua com desvios de conduta e que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada.
Histórico do PM
O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano ado.
Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.
Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.
Ele também atuava como segurança do colégio particular Ábaco, que fica na região de Perdizes, na Zona Oeste.
Em nota, o Ábaco disse que recebeu com “profunda indignação” as imagens do policial militar em atuação. E afirmou que ele era funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços para o colégio, mas que esses foram encerrados de forma imediata após a instituição tomar ciência do acontecimento.